̶p̶e̶s̶s̶i̶m̶i̶s̶ ̶
̶ ̶̶̶m̶̶̶i̶̶̶n̶̶̶i̶̶̶m̶̶̶a̶̶̶l̶̶̶i̶̶̶s̶̶̶ ̶̶̶
̶p̶e̶s̶s̶i̶m̶i̶s̶ ̶
morte
C. olhou pela janela da sala para se acalmar um pouco.
estava alarmado com o fato de que
alguns pequenos problemas somados
pudessem exercer uma força tão opressora em sua mente
ao ponto de atrapalhar até mesmo sua respiração
e seus batimentos cardíacos.
“Devo estar muito mal para ter estragado atividades tão básicas”,
ele pensou
e lembrou de uma coisa que um amigo lhe disse certa vez,
“Uma pessoa pode encarar de forma muito mais tranquila
um ano sob tratamento contra qualquer tipo de câncer
que um ano trabalhando em um computador lento demais”.
E C. pensou que isso devia ser mesmo verdade
porque as pessoas não fazem sentido
e em geral são bastante idiotas,
se preocupando demasiadamente com pequenos detalhes
como uma prestação de um carro novo,
que atentar ao fato de que estar dentro de um carro
significa que a qualquer momento
e em qualquer lugar
em poucos segundos
sua existência pode mudar drasticamente
fazendo com que alguém deixe de ser uma pessoa dentro de um carro
para se transformar numa grande mistura
de sangue e membros e fogo
e aço retorcido e dor e vidros quebrados
e morte.
C. viu uma mulher dobrando roupas diante de uma janela
do outro lado da rua
e enquanto ela olhava para C.e fechava a janela,
C. percebeu que o ato de morrer era algo que ele pensava
constantemente em fazer,
mesmo sabendo que poderia fazer uma única vez
e depois não poderia fazer mais nada.
Então ele se perguntou se não era bom procurar um médico,
porque pensamentos assim não devem ser saudáveis,
ou pelo menos é o que dizem.
C. fechou também sua janela e voltou para o quarto.
Por uma fração de segundo sua mente se agitou
e ele se arrependeu de absolutamente todas as coisas que havia feito
antes de chegar até aquele exato momento,
mas esqueceu disso logo em seguida
e sentou na frente do computador que era lento demais
e esperou.