O meio das coisas
Sempre percebi que o ser humano tem um predileção pelo início e fim das coisas. Mas o meio não é muito agradável não, sabe? “Ah, o início de um namoro, feliz e apaixonante.” “Nossa, o final foi tão triste e horrível”. O meio… bom, o meio que se foda.
Percebi isso nas atividades mais comuns do ser humano. Porque desejamos um lindo final de semana, e no início da semana generalizamos ela inteira, só soltamos um “uma boa semana!”. Porque o meio a gente esquece e finge que não acontece. Foi por aí que comecei a me perguntar sobre os meios das coisas.
O meio de um livro, dos filmes e dos quadrinhos é sempre aquela parte em que rastejamos para as cenas seguintes, enrolamos muito e torcemos demais para que o clímax seja intenso. Mas é sempre o clímax. Nunca deixamos o bom para o meio, nunca pensamos no lado bom do Meio das coisas, deve ser porque não tem. Existe também a infâmia, de que o meio das coisas é o que mais tem volume, porque o começo e o fim é sempre um instante, o meio é um titã!
E está sempre de lado: o filho do meio, o caminho do meio, meio de temporada, meio do expediente, meio da semana, meio do ano, meio da festa, meio de semestre da faculdade, até no meio do caminho tinha uma pedra! Não tem nada de bom no meio das coisas?
Podíamos pular do início direto para o final? Não dá pra excluir essa enrolação eterna que insistimos em chamar de meio? Eu, pelo menos, até hoje não conheço uma alma viva que diga que tenha tido uma ótima quarta-feira.