Manifesto em Defesa da Suruba
Quando achávamos que campanha eleitoral não poderia piorar, a cidade de São Paulo teve como protagonista um vídeo vazado onde, supostamente, um dos candidatos aparecia deitado em uma cama, nu, imóvel aguardando que uma das cinco mulheres se revezassem na tentativa de “animá-lo”. Veja bem, ainda chegaram ao ponto de chamar a cena de suruba!
Um ataque direto! Que não pode ficar sem defesa. Mancham a imagem da suruba com tal alegação. Por isso, neste momento proponho um movimento em sua defesa. Vamos resgatar a suruba! E lembrarmos que pra ser uma suruba é necessário ter movimento.
Faço aqui um chamado ao prazer. Mas ao prazer verdadeiro, não os encenados. Que sejam vivenciados sem medo.
Façam verdadeiras surubas… e me chamem!
Se as pessoas resolvessem seus fetiches por fardas na cama, talvez, tivéssemos menos generais no poder. O que precisamos é de corpos livres. Fora com essa cena triste e deprimente de um corpo inerte na cama enquanto mulheres trabalhavam para manter um mínimo de prazer erguido. Chega de associar suruba ao esforço de levantar um falo, chega de festas ao redor do prazer único e masculino.
Proponho a redistribuição do prazer, de preferência em um corpo coletivo. Ou gozamos juntos ou ninguém irá se satisfazer. Usem o potencial da suruba. Não despejem seus sensos de coletivos em movimentos nacionalistas. Não percam tempo! Em nossas camas cabem a diversidade.
Vamos restabelecer a suruba em seu devido lugar. Suruba não é bagunça. Que sejam espaços de agregação. Um movimento de desejos coletivos.
O papelão da encenação deixaremos para os figurões patéticos que, como diria Reich, “só são capazes de tirar, dar nunca!”.
Deixo meus mais sinceros votos para que engulam as encenações de masculinidade junto com a impotente dominação. Exijo que libertem os corpos femininos do triste teatro onde só cabem os papéis de putas ou recatadas do lar. Somos mais. Somos muitas. Somos tantas e diversas que às vezes quase chego a entender seus medos. Talvez não deem conta.
Mas deveriam tentar.
Pela liberdade. E em defesa da verdadeira suruba!