Do que é feita a química dos corpos? O que compõe o desejo?

É a constituição física? É o todo ou o conjunto das partes? É a parte por si só? São os olhos, a boca, os braços? Quem se atrai pelas mãos ou os gestos?

O que faz um corpo vibrar somente pela presença do outro? O que dá frio na barriga só pela expectativa da presença? Qual o poder do cheiro, que dentre todos os odores se faz único, insubstituível e inesquecível?

É o beijo que faz tremer as pernas? A mordida de leve no pescoço? O roçar da barba entre os seios? É o apertão na cintura e o arranhão pela coluna?

É a língua lambendo o sexo? É o gozo irreprimível na boca do outro? É a expectativa ante a consumação?

É o choque elétrico que dá pelo simples toque dos dedos? Completa-se por si mesmo na troca de fluídos: saliva, suor e sêmen? É química quando não se efetiva? Há desejo puro e inteiro na distância?

Há somente pela química ou precisa de algo a mais? O desejo é violento ou é dócil? É desespero ou conforto? Satisfaz ou cria novas necessidades? O que cresce sem controle e sem juízo? É o que é proibido ou o que nos é permitido?

A química dos corpos é isso ou se completa quando verbal? É partilhar ideologias, é trocar experiências, é indicar novidades? O desejo se sustenta quando as visões políticas são divergentes? É o gosto em comum? É aprender e dividir? É a conversa de bar até de manhã? É a conversa ao pé d’ouvido entre lençóis? É o corpo cansado, a mente inquieta, a vontade em equilíbrio?

Do que é feita a química dos corpos?