Sem mais
Mais um dia que transborda de si mesmo.
Daqueles que só servem para serem incendiados.
Em que as frases não se grudam de jeito nenhum.
Quando é urgente depilar os pelos do fuso-horário.
Em que a poesia fede como um cadáver.
Poesia: deixar-se atingir
Aquele prazer sem sentido de olhar no olho do abismo de vez em quando
Para dimensão selvagem e sem porquê
Quando restam apenas velocidades despedaçadas
Quando o milagre fica pronto.
O sentido é fácil. Difícil é desviar dele. Andar pelo avesso
Olhar diretamente a matéria vertiginosa do caos.
Comer silêncios para abrir buracos na parede.
Um destroço do dia atinge o crânio.
sem mais,
Sexta-feira.
Imagem: Thomas Windisch
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